Ex-senador Ney Maranhão morre aos 88 anos no Recife

Data: 11/04/2016 | Hora: 21:51 | Por: G1 Pernambuco


O ex-senador Ney Maranhão, 88 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (11), no Hospital Jayme da Fonte, nas Graças, no Recife, por volta das 9h30 . A notícia foi confirmada por Eduardo Maranhão, neto do político. Ele estava com um câncer no fígado, descoberto há dois meses. O corpo de Ney Maranhão será velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco a partir das 16h desta segunda-feira. Ele será cremado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, na terça-feira (12).

Ney Maranhão foi prefeito de Moreno (Região Metropolitana), deputado federal por quatro legislaturas e senador da República de 1988 a 1995. Também ocupou cargo de assessor especial do ex-presidente Fernando Collor de Melo e foi presidente da Câmara de Comércio Brasil/China Mercosul Pacífico.

Maranhão ficou famoso durante um período muito conturbado da recente história política do Brasil: o impeachment do ex-presidente Fernando Color de Mello. Com seu terno de linho e suas sandálias de couro inseparáveis, ele ficou conhecido por integrar a "tropa de choque colorida". Foi um dos três senadores que votaram contra o impedimento do ex-chefe do Executivo nacional.

Era chamado de "senador boiadeiro" e ganhou fama nacional pela defesa das relações entre o Brasil e a China. Frasista e contador de histórias, Maranhão adorava os causos do interior de “antigamente”. E do folclore envolvendo as velhas figuras do passado, como do pai, Constâncio Maranhão. Ney costumava dizer o que o pai não gostava de cachorros. Por isso, andava com uma onça. Colocava o bicho no banco do carro e saía.

Do pai, Ney também fazia questão de lembrar os conselhos. Dizia que Constâncio o ensinou a ter palavra, ser grato e não adular macho. Ressaltava, sempre com bom humor, os dois mais polêmicos. "Quando conselho não resolve, cacete funciona. Quando cacete não resolve, o 38 funciona".

Repercussão

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, divulgou nota destacando a trajetória de Ney Maranhão. “O senador Ney Maranhão foi um homem público que sempre lutou pelos interesses de Pernambuco. Essa visão o levou a ser um pioneiro nas relações entre o nosso Estado e a China. Ney também era um grande contador de histórias, por todos os momentos históricos que viveu ao longo de sua vida política, marcada pela coerência com aquilo que acreditava e defendia”.

Os políticos também usaram as redes sociais para se manifestar. No Twitter, o ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Melo lamentou a perda do político, que ele chamou de amigo. "Homem valente, destemido e leal que nunca abriu mão de suas convicções, nem se afastou dos amigos. Minha gratidão e admiração pela sua bravura e solidariedade serão eternas".

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, disse em nota que a trajetória do ex-senador é uma "referência indispensável". Destacou ainda características do político. "Coragem, lealdade, fidelidade e autenticidade foram, sem nenhuma dúvida, as marcas de sua passagem pela vida pública. Além disso, destaco sua dimensão humana, o gosto pelo convívio com os amigos, o bom humor e o excelente contador de histórias. Sem dúvida, uma grande perda".

O presidente do senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), enviou nota oficial: "É com pesar que lamento a morte do ex-senador Ney Maranhão ocorrida nesta segunda-feira. Prefeito da cidade de Moreno, no grande Recife, foi deputado federal por quatro legislaturas pelo PTB. Maranhão foi perseguido e cassado pela ditadura militar em 1964. Com idéias firmes, era um grande contador de histórias e defensor das relações entre Brasil e China", afirmou.

Também no Twitter, Adilson Gomes Filho, prefeito de Moreno, escreveu: "Nossos sentimentos à familia e aos amigos". O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB) também lamentou a morte do ex-senador. "Tristeza pela morte, hoje, do amigo ex-senador Ney Maranhão."

O deputado federal Roberto Freire (PPS-SP) também usou as redes sociais para falar sobre a morte de Maranhão: "Lamento. Entre o polêmico e folclórico, um político de relacionamento honesto, cordial com outros parlamentares", disse o pernambucano.

Em nota, o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB) disse que era amigo pessoal de Ney e o classificou como "um chefe de família extraordinário e uma pessoa muito afetiva". Ele ainda comentou que "como prefeito de Moreno e como parlamentar, deputado federal e senador da República, sempre defendeu aquilo que acreditou. Sua energia e seu foco sempre estiveram dedicados a assuntos e temas que ele realmente acreditava. Viveu bem a vida. É uma perda que será muito sentida por todos nós".

Bastante emocionado, o ex-governador Gustavo Krause ficou sabendo da morte de Ney Maranhão pela reportagem do G1. Com voz embargada, ressaltou o homem corajoso e leal que foi o ex-senador. “A admiração que tenho por ele vem do meu pai. Meu pai era amigo de Ney, uma relação afetuosa, e isso se desdobrou para mim. Estou profundamente triste. A lembrança dele não vai se apagar, ela vai se agregar a lembrança que tenho do meu pai”, completou.
Leonardo Rodrigo, leoecia.com - 1998/2024. © Todos os direitos reservados.